Confesso que gosto de Sócrates. Não do filósofo grego mas do nosso Primeiro-Ministro. E digo isto de um forma livre e aberta, com a perfeita consciência de nunca sequer ter votado nele ou no Partido que ele representa (apesar de me considerar claramente um indivíduo de esquerda, mas de uma esquerda mais romântica).
O País atingiu uma situação, com o anedótico Governo anterior, para a qual só tinha uma de duas saídas: continuava a lenta agonia para o esperado abismo ou assumia a necessidade de mudança (mudança essa que muitos foram apregoando ao longo dos últimos anos, Governos PS incluídos, mas que poucos tiveram a coragem de efectivamente fazer).
O Programa de Governo de Sócrates foi votado maioritariamente por sufrágio universal, estando agora o Primeiro-Ministro a limitar-se a cumpri-lo, se não na íntegra, pelo menos em grande parte. E para cumpri-lo é necessário ter a coragem, a frontalidade e a ousadia necessárias para criar mudanças que se tornam essenciais em áreas tão diversas como a Saúde, a Educação, a Segurança Social, a Justiça ou a Administração Pública.
É verdade que nem todas as medidas podem ser populares, criam agitação nos meios sindicais e corporativos, mas o Governo não foi eleito para ser popular mas sim para governar o País (para populismos bacocos já nos bastaram os Santanas e os Portas). E a agitação produzida, muitas vezes, significa que se estão a mexer em interesses e privilégios instalados, dados como adquiridos ao longo dos anos, mas que em nada contribuem para um todo.
Apesar de todas as movimentações, e contrariamente ao que seria esperado, vemos que nas sondagens, não só o PS não tem descido nas intenções de voto, como tem vindo a alargar a sua diferença relativamente ao único partido da oposição que se pode constituir Governo. E este eleitorado tem sido ganho à direita, na medida em que as outras duas organizações de esquerda – BE e PCP – também têm vindo a ver reforçadas as suas intenções de voto. E isto sim, pode ser preocupante: a constatação de, actualmente, a oposição de direita em Portugal simplesmente não existir, sendo a oposição ao Governo realizada por partidos do mesmo espectro político.
O que pode significar que, talvez, o “país de brandos costumes” esteja a mudar. Que as pessoas já não queiram Governos de fantasias e delírios, mas sim políticos frontais, directos e decididos na condução da Nação, mesmo que isso possa significar, nalguns casos, alguns sacríficios colectivos.
PS: hoje inicia-se novo processo de referendo à Despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG). Pela parte que me toca votarei novamente Sim, no pressuposto também de que a Vida é o bem mais precioso que temos… Por isso terá se de ser uma Vida digna e desejada… E essa decisão só deverá pertencer à mulher ou casal, individualmente, e não por qualquer imposição exterior.