Aníbal é um super-herói que encarna sempre duas personagens... Umas vezes é o cidadão Aníbal, outras vezes é o Presidente Cavaco... (não necessitando no entanto de se trocar em cabines telefónicas ou de andar de cuecas por cima de fatos de lycra... felizmente!!! exceptuando talvez aquela subida ao coqueiro).
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Tal como os grandes super-heróis, também Cavaco tem um super-poder... Se o do Super-Homem é voar, o do Homem-Aranha andar de teia em teia (!!!) e o do Batman ser roto, o de Cavaco é o poder da mesquinhez, muitas vezes invencível.
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Isto vem a propósito de Saramago? Sim, obviamente. Eu nem ia abordar este assunto, mas o silêncio dos principais governantes e políticos é tão ensurdecedor que me faz confusão ficar calado (mas a será a única vez que falarei nisto).
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Que o cidadão Aníbal não gostasse de Saramago é algo de pessoal sobre o qual não tenho de tecer qualquer comentário. Se ele pouco leia para além do The Economist ou The Finantial Times é uma opção. Cada um sabe de si. Agora que o Presidente da República, representante de todos os Portugueses, incluindo aqueles que elevam o nome de Portugal lá fora (ou será que afinal não é?) se desresponsabilize desse estatuto em prol de uma promessa aos netinhos (!!!) já me parece bastante grave e quase surreal. E em especial com aquelas desculpas de ter feito tudo o que um Presidente deve fazer. Tudo não! Faltou o essencial... a presença numa cerimónia que foi quase um funeral de Estado (eu não esqueço que estavam presentes 3 ex-chefes de Estado e até, pasme-se, um vice-presidente de um governo estrangeiro e representantes das academia de letras brasileira).
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Se na missiva que enviou enaltece o contributo de Saramago para a língua portuguesa, tantas vezes maltratada (o único Nobel de língua oficial portuguesa!), se até promulgou um decreto de 2 dias de luto nacional (algo que não me parece ser assim tão habitual a personagens individuais), seria da mais inteira, já nem digo justiça, mas responsabilidade ter comparecido. Tanto mais que o Presidente é porventura capaz de se deslocar ao estrangeiro para um funeral de um presidente de um país que mal conhece ou para a tomada de posse de outro que tal (vou ficar mais atento ao conceito de "pessoa conhecida ou amigo").
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Eu lembro-me de uma visita de Estado recente do Presidente à Turquia, em que a meio da visita fez um pequeno desvio, a título meramente pessoal com a sua maria (por coincidência Maria), para ir conhecer as maravilhas da Capadócia (se foi o Estado português a pagar isso parece-me mal... se foi o turco, será que entra como exportações?). E lembro-me de um celébre aviso de uma comunicação ao País, que colocou o mesmo em polvorosa (já se falava em destituição do Governo), em que o cidadão Aníbal interrompeu as suas férias de verão em Boliqueime para vir a Lisboa vestido de Presidente comunicar o veto ao diploma do Estatuto dos Açores (matéria para a qual 99% dos Portugueses não tinham a menor ideia do que era... e hoje também ainda não perceberam...).
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O que eu recomendo é que as grandes figuras nacionais tenham atenção para não falecerem em dias que possam não dar muito jeito ao Presidente (se ainda for este!). Seria aborrecido faltar às cerimónias fúnebres de Eusébio por se ter prometido aos netinhos uma ida à aldeia dos macacos no zoo... Ou às de Manoel de Oliveira por se ter prometido ir à Kidzania com a Mariana (ah a Mariana!) ou o Afonso (ah o Afonso!).
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Ir ao Açores podemos ir várias vezes... Morrer (e até ver!) ainda só acontece uma vez...
1 comentário:
foto bem apanhada ! :D
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