Toda a negociação do Orçamento de Estado 2011 é bem reveladora do quão triste é a nossa democracia. Um orçamento que é suposto ser discutido no Parlamento, onde constam, para que se lembrem bem!, 230 deputados pagos por todos nós, acabou por ser dirimido por um senhor ministro e por outro senhor ex-ministro, que não é deputado, a mando do presidente do seu partido ao qual está afecto que, curiosamente, também não é deputado. Ou seja, sim a votação foi no Parlamento, mas já bem depois do orçamento estar cozinhado.
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Todo os episódios das negociações fazem lembrar romances de cordel ou telenovelas guatemaltecas. As discussões, o abandono da mesa de negociações, as ameaças, os encontros às escondidas na casa de um, o Ipad de um, o lápis nº 3 e a borracha rotring do outro, a fruta para jantar porque a esposa não tinha sido avisada... só faltou um roupão e umas pantufas para a história ser perfeita no que toca à tontice total.
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E depois toda aquela novela da foto... um a dizer "tenho-a aqui! toma, toma!!" e o outro muito triste por não terem querido tirar uma oficial, só aquela à traição... E 10 minutos depois do acordo já se estavam a atacar...
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Há uma coisa nas votações da Assembleia que me irrita solenemente: o conceito de abstenção. Nós votamos em partidos para eles tomarem decisões... e depois há um tipo de voto que não é branco nem preto, não é sim nem não... (embora funcione, para todos os efeitos, como um sim!!!)... é uma espécie de assobio para o ar, de "decidam vocês que eu não tenho nada a ver com isso, só vim ver a bola"...
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Outra coisa que me arrepia são as votações em que um deputado vota num sentido, por obrigação do partido, mas depois faz uma declaração de voto a dizer que a sua opinião é contrária a esse sentido de voto... É aberrante democraticamente!!! É o desvirtuar de todas as regras democráticas... É, acima tudo, patético!!
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