Há um livro de Rui Zink - Anibaleitor - em que, salvo erro, existe um personagem muito peculiar: um gorila que vive encerrado numa gruta a ler.
O nosso Aníbal também passa a vida na sua gruta - o Palácio de Belém - fazendo o que só ele saberá, vivendo completamente arredado da civilização nacional ou do dia-a-dia que se vive na Nação que comanda.
Mas depois, curiosamente quando vai ao estrangeiro, resolve falar de tudo o que se relaciona com o seu país (como se passar a fronteira lhe trouxesse uma capacidade impressionante para pensar e dizer coisas que não se atreve a dizer em território nacional).
Aníbal, o presidente, é um caso sui generis. Um presidente a título gracioso, na medida em que abdicou do salário das suas funções em prol da sua pensão. Um presidente que tem um problema congénito em falar com e para o país. E que sempre que o faz consegue, de uma maneira bastante difusa, encher-nos de dúvidas.
Cavaco poderia ser o Anibaleitor do mundo real, a viver na sua gruta isolado daqueles que governa. Mas obviamente sem a parte da leitura... e isso, provavelmente é que fará a diferença... e que nos fará pensar que, às vezes, preferiríamos ter um gorila a ocupar aquele lugar institucional...
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