Fogo amigo é uma expressão do léxico militar decorrente do facto de forças militares atingirem, inadvertidamente, alvos aliados em vez do inimigo.
O que se passou ontem na Assembleia (AR), com a votação para presidente daquela instituição, tratou-se de fogo amigo político, com a agravante de existir um conhecimento prévio que se estaria a abater um alvo aliado (o que transforma o fogo amigo numa espécie de execução sumária ou suícidio assistido).
Depois de tudo o que envolveu a entrada de Fernando Nobre nas eleições legislativas, mormente as suas declarações prontas de que apenas seria presidente da AR e não deputado, e depois com a declaração pública do CDS/PP de que não aceitaria esta candidatura, era perfeitamente óbvio para todos que a eleição de Nobre seria um milagre. Mesmo assim, o PSD incorreu no erro de o submeter a uma segunda tentatica de eleição, obrigando-o assim a passar, num espaço tão curto de tempo, a passar por mais um vexame junto da opinião pública (este PSD, a exemplo do que já havia acontecido por exemplo com o dossier Catroga, parece ter um certo jeito para dar tiros nos pés).
Em menos de 1 ano Fernando Nobre perdeu já toda a sua credibilidade junto da opinião pública que vinha acumulando há mais de uma década com o trabalho na AMI. Também neste espaço de tempo, foi candidato em 4 processos eleitorais (presidenciais, legislativas e 2 vezes presidente da AR), conseguindo perder 3 deles (curiosamente o único que ganhou foi aquele para o qual não existem candidaturas individuais mas sim listas).
Isto veio provar mais uma vez que o sistema político não se encontra preparado para se desvincular das forças partidárias em prol de candidaturas verdadeiramente independentes (excepto nas eleições autárquicas, mas em que as candidaturas independentes representam na maior parte das vezes indivíduos a contas com a Justiça).
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