O surpreendente no buracão da Madeira não é a dimensão do buraco em si, mas existirem pessoas que parecem ficar surpreendidas com a notícia, em especial membros da classe política dos principais partidos nacionais (PSD e PS) que, ao longo destes anos, sempre assobiaram para o ar para aquilo que se passava, e era visível a olho nu, no arquipélago da Madeira (vamos lá ver se não há também surpresas nos Açores).
Surpreendente é o INE e o Banco de Portugal apenas considerarem "grave a omissão de informação" relativa a 1.113 milhões de €.
Surpreendente é o primeiro-ministro de Portugal, que nos anda há meses a castigar a todos, considerar apenas uma "irregularidade grave, sem compreensão", o facto de se terem escondido 1.113 milhões de € das contas (foi pena não termos ouvido Miguel Relvas, que há poucas semanas atrás se mostrava muito chocado com facturas de 5 ou 10 milhões de € numa gaveta no Instituto Português da Juventude).
Surpreendente, arrepiante e digno de reflexão é o facto das autoridades competentes para fiscalizar e supervisionar estas situações das contas deixarem passar tamanho buraco (dá para pensar na sua competência e no tipo de pessoas que as compõem).
Surpreendente é o facto de ao longo destes anos todos não ter havido um único presidente da República que os tivesse no sítio para demitir aquele energúmeno (para não falar nos dirigentes do PSD, sempre cheios de medo que o papão os venha atormentar no sono...).
Surpreendente é o facto de ainda haver madeirenses que conseguem acreditar naquele tipo de discursos populistas e demagógicos (ou, pelo menos, que as palas que usam nos olhos não lhes causem uma certa impressão na cara).
1 comentário:
Infelizmente na politica o crime compensa, não fossem os políticos a fazerem as suas próprias leis....
Isto só lá ia mesmo com um linchamento popular!
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