12 de janeiro de 2018

Resoluções e/ou Desejos de Ano Novo

Nunca percebi se as resoluções de ano novo se encontram com as 12 passas à meia noite da passagem para o ano novo ou se são apenas concorrentes. 

Ou seja, a resolução de ano novo será apenas resultante da preguiça de pedir os desejos em cerca de 30 segundos engolindo 12 passas à bruta (em Espanha é mesmo com uvas o que deve tornar o processo ainda mais complicado e, para além do primeiro nascimento do ano, devem ter igualmente a tradição do primeiro falecimento do ano por sufocamento).

Em primeiro lugar, pedir 12 desejos através da ingestão de passas já me parece uma coisa absolutamente extraordinária. Confiar o destino e o futuro do ano numa espécie de uva seca e mirrada é revelador da insanidade mental que perpassa pelas pessoas. Eu experimentei uma vez e, sejamos sinceros, a menos que estejamos a pedir coisas repetidas, a partir do 4º ou 5º desejo só nos lembramos apenas de futilidades (a não ser que sejamos muito específicos e, em vez de pedir saúde em geral para todos, o 1º desejo seja saúde para aquele meu joelho que me dói muito quando me levanto, e assim por diante).

As resoluções, ao contrário dos desejos que são coisas que à partida não dependerão de nós mas sim dos astros/deuses/cenas, são coisas a que nos propomos, o que obriga a um nível de responsabilidade muito maior e que, normalmente e se tudo correr bem, nunca serão cumpridas. Por exemplo, "começar a fazer mais exercício físico" é normalmente uma resolução que começa a ser pensada uns meses antes mas que a pessoa não concretiza porque vai deixar para o início do ano seguinte (provavelmente no início do ano toma essa resolução e um dos desejos das passas será não falecer desse exercício físico ou que os governos proíbam a prática de exercício).

Eu só tenho uma resolução para cada ano novo que vai passando: tentar manter-me vivo. Este será sempre o ponto de partida para a concretização de qualquer desejo.

Estrangeireiting

Vivemos na era dos termos estrangeirismos. De repente tudo dito numa língua estrangeira parece ter um encanto sobrenatural que nós queremos obrigatoriamente vivenciar.


Vamos a uma superfície comercial e, onde antigamente se chamava "senhora a fazer um empadão numa maquineta" hoje chama-se "showcooking". 


Já ninguém corre nos nossos dias, agora são tudo "runners" a fazer "running". Mas curiosamente estes continuam a ter dores de burro (e não "donkey pains") provavelmente porque quando lhes dá a dor percebem o quão burros foram em começar a correr. O próprio acto simples de andar adoptou também um floreado, "footing". E pelo meio dos 2 temos o "jogging", que não é bem andar nem é correr que nem loucos como se tivessem saído de um assalto a uma bomba de gasolina, é uma espécie de corrida arrastada, ou como tecnicamente se chama, o sofrimento em estado puro.


Também no trabalho deparamo-nos diariamente com toda a espécie de estrangeirismos. A seguir aos meetings temos logo de dar feedback por email com a check-list das coisas lá faladas.


Não é que eu tenha nada contra o que venha lá de fora, sejam expressões ou pessoas. O que realmente aborrece é que, na grande maioria das vezes, isto é tudo para armar aos cucos (ou em português "to arm the cuckooos").