22 de fevereiro de 2018

O meu sonho húmido com Ronaldo

Hoje sonhei com Ronaldo. O Cristiano Ronaldo (devo já avisar, para aqueles que pretendam já desistir da leitura do resto do texto, que ambos estivemos sempre vestidos).


Estávamos na sala de estar da casa dele sentados num daqueles sofás quadrados, sem encosto, que os ricos têm no meio das salas. Não servem para sentar, nem para deixar revistas e jornais, nem são poufs para colocar os pés.


Assumo que sejam sofás para aquelas esperas intermédias. Quando perguntamos às mulheres se demoram muito e elas normalmente respondem "5 minutos" nós acabamos por nos sentar no sofá e, quando elas aparecem 1 hora depois, acabam sempre por nos perguntar "então foste sentar-te no sofá?". Estes sofás quadrados, porque na realidade não são sofás, evitam esta pergunta e dão algum descanso aos homens.


O Cristianinho estava lá mas não me lembro de ouvir a sua voz. Quando olho para cima vejo que, pendurado no candeeiro, estava também outro aparelho. Notando a minha surpresa e dúvida, Cristiano disse-me que era uma câmara de vigilâncoa 360 graus.


Questiono qual era a fonte de energia e ele responde-me que tinha um espécie de bifurcação (ou puxada) da linha de energia que vai para o candeeiro (Ronaldo "O Electricista"). E que funcionava em wireless, obviamente. E depois puxou do telemóvel (ou do tablet, com os ricos nunca sabemos, já que os telemóveis dos ricos são quase sempre do tamanho dos tablets dos pobres) e mostrou-me a app onde se viam as imagens da câmara em tempo real.


Fiquei fascinado. E até me disse que não tinha sido muito caro, 160 euros. Fiquei tão interessado que lhe pedi que me enviasse o link da loja onde tinha comprado (assumindo que tinha sido online, hoje em dia é tudo online, até os relacionamentos). Cristiano pediu-me o email e começou a escrever numa pequena folha que obviamente percebi que ia perder. miguel. underscore, blá blá blá.



Depois deu-me a folha para ver se estava correcto. E descubro que Cristiano tinha colocado um hífen em vez de um underscore. Eu tinha frisado bem que era um underscore, devia ter caído na ridícula explicação que se costuma dar ("é um tracinho mas daqueles rentes à linha de escrita"). Fiquei a pensar se o Messi também se enganaria com isto.


Depois fui-me embora. Em Madrid chovia num tempo húmido digno do mês de Fevereiro.*

* esta última frase foi aqui metida à pressão porque acordei antes de sair de casa dele e tem como único objectivo poder justificar o título deste post, o qual foi obviamente adulterado para motivar clickbait no link como fazem todos os jornais online existentes actualmente.

14 de fevereiro de 2018

São Valentim

(revisitando um post antigo mas que se mantém sempre actual)

O Dia de São Valentim (vulgo Dia dos Namorados) deve ser, a seguir ao Natal, a época mais comercial do ano. E se o Natal ainda tem uma história mais ou menos poética, em especial para todos aqueles que são fãs de ficção científica, a história do São Valentim acaba com a decapitação deste, o que de romântico deixa bastante a desejar.
 
Em primeiro lugar temos os lugares comuns que preenchem os noticiários das televisões e rádios nacionais, com as famosas reportagens de rua (vox populi) em que se fala deste dia especial para todos os casais. A minha inquietação é: se só este dia é que é especial durante o ano inteiro, então eu diria que aqueles casais têm claramente um problema. Em todas as reportagens sente-se sempre uma certa aura sexual, seja nos restaurantes, com pratos afrodisíacos, nos hotéis com pacotes especiais (normalmente espumante e bombons, que inovadores!! ou massagens a dois!!) ou nas lojas de lingerie (e actualmente também nas sex shops - estatisticamente o dia 15 Fevereiro é o dia em que há mais trocas de lingerie nas lojas porque os homens querem forrobodó e marotice e as mulheres querem coisas sensuais mas que sejam práticas de vestir). Como se nos quisessem dizer era que este dia segue 3 passos: flores (inevitavelmente rosas) + jantar + forrobodó entre os lençóis (com claro benefício para a indústria hoteleira e moteleira).
 
Temos também a indústria da restauração que deve sentir este dia como uma lufada de ar fresco (tal como as floristas, perfumarias, chocolaterias, lingerias,...).
 
Temos assim dois tipos de restaurantes:

1) aqueles que alinham, quase geometricamente, somente mesas para duas pessoas, como se quisesse juntar uma convenção de casais ao estilo nipónico (nesses dias é claramente desaconselhável ir jantar com um colega ou amigo, a não ser que queiramos passar por homossexuais - e atenção que não tenho problema nenhum com a comunidade gay, não tenho é qualquer interesse em ser confundido com um deles, como não tenho em ser confundido com um sportinguista, um democrata cristão ou um amante de puzzles).
 
2) depois temos os restaurantes que só servem para grupos, ou seja, aqueles que essencialmente vão servir para organizar jantares de grupos de pessoas que não tem qualquer relacionamento naquele momento mas que, por qualquer razão misteriosa que a ciência ainda não descobriu (apesar de já mandar automóveis com manequins para o espaço!!), sentem também a necessidade de (não) celebrar esse dia, muitas vezes até se auto-titulando Jantar de encalhados (um termo que aliás abomino, podiam antes chamar-lhes Jantares Tollan, para ser mais subtil e, ao mesmo tempo, humor inteligente). É um fenómeno que, confesso, me custa a entender.

Coincidindo com a semana do Carnaval, o termo forrobodó este ano tem assim uma aplicação ainda mais feliz.