26 de agosto de 2015

Os Refugiados

Segundo o dicionário da Porto Editora:

Migranteque muda de região ou de país;mudar de um lugar para o outro; emigrar

Refugiadoque ou pessoa que se refugiou ou abrigou; que ou pessoa que abandonou o seu país para escapar perseguição, condenação, guerra, etc.

Era tempo dos jornalistas e dos políticos deixarem de chamar migrantes a verdadeiros refugiados que surgem na Europa aos milhares (aquilo não são ciganos a passear de feira em feira, aquilo é gente a fugir da morte e da miséria humana em todas as vertentes possíveis).

A Europa debate-se neste momento, provavelmente, com o maior desafio desde o final da 2ª Guerra Mundial. Infelizmente, para a Europa e para os refugiados, esta será também a Europa mais burocrática e cinzenta dos últimos 70 anos.

18 de agosto de 2015

O Portugal Alegre

"É tempo de Portugal ter uma mulher na Presidência da República. Muitas das críticas a Maria de Belém partem de preconceitos sexistas e machistas". (Manuel Alegre, 18.08.2015)


Confesso que a mim custa-me sempre entender a defesa da igualdade pela discriminação. Ao afirmar que agora é tempo de ter uma mulher na presidência, indirectamente Manuel Alegre diz-nos que há um ano, há 5 anos, ainda não era tempo. E porquê? Não sabemos porque Alegre não diz.


No EUA há uns anos também se dizia que era giro ter um preto/negro/de cor (riscar o que vos soar pior) na presidência, já que ainda não se podia ter uma mulher. E que no futuro seria curioso ter um hispânico.


A defesa da igualdade de género pelo 'fenómeno engraçado e curioso' não me parece a forma mais feliz de promover as mulheres. Qualquer dia também poderá ser engraçado ter um coxo a primeiro ministro, ou um deficiente mental a presidente (esperem! neste último caso isso já terá sucedido).


Da mesma forma que não acredito em quotas na Assembleia ou nas listas dos partidos. Acho que nenhuma mulher deveria aceitar a existência de quotas em qualquer lista que seja porque isso remete para uma espécie de curral social.

Dizer que Portugal já está preparado para ter uma mulher na Presidência é um vexame para as mulheres. Eu prefiro acreditar que Portugal esteja pronto para ter novamente um Presidente decente, seja uma mulher ou um homem. 



21 de junho de 2015

Oh não! Chegou o Verão!!!




Só para avisar que chegou o Verão!! O que significa que algumas pessoas vão acordar para a vida e lembrar-se do fato de banho e do corpo que têm de meter dentro desse fato de banho.

Uma vez que a ida para o ginásio já não vai fazer qualquer efeito recorrem a todo e qualquer tipo de dietas: dieta detox, dieta vegetariana, dieta do paleolítico, dieta do ananás, dieta do sol, dieta dukan, dieta dos pontos, dieta ovolactovegetariana, dieta da sopa, dieta do atum, dieta da dieta...

Já se viu que estas só resultam se as pessoas começassem uns meses antes (não querem enfardar que nem uns animais durante 9 meses e depois, num mês milagroso, ficarem com a alcunha de "Sara Sampaio de Massarelos" ou "Gisele Bundchen de Arcozelo" para os 3 meses de Verão, pois não???!!).

Uma vez que que hoje em dia toda a gente propõe dietas (já há mais nutricionistas na televisão que cartomantes!!!), vou também deixar aqui as minhas sugestões:

i) Dieta do Fechar a Boca - a pessoa tem um prato de feijoada à brasileira ou de carne de alguidar com migas e simplesmente fecha a boca e foge da mesa aos gritos à procura de um copo de água (não, a água não engorda!!! excepto se for a água do cozido e incluir lá dentro a feira do fumeiro de Vinhais!!);

ii) Dieta do Biafra - para quem gosta de viajar nada como ir durante uns meses conhecer a realidade, por exemplo, de algumas populações africanas que vivam em condições sub-humanas e experienciar o seu dia-a-dia e a sua alimentação (pode ser complementada com a Dieta da Diarreia em casos mais extremos).

iii) Dieta do Coma - não o acto de comer, mas o acto de estar parcialmente inconsciente ligado a máquinas. É uma das melhores formas de não cair em tentações, nos hospitais não há picanha com feijão nem iogurtes gregos para ninguém (também conhecida com a dieta do soro) - convém avisar no emprego com antecedência;

iv) Dieta do Falecimento - a que apresenta os melhores resultados, mas provavelmente também a mais radical de todas uma vez que implicará o passamento físico da pessoa. Mas depois dificilmente conseguirão ir à praia. É a chamada dieta sem retorno.

16 de março de 2015

InSegurança Social



Num país com uma classe política minimamente decente todo este episódio da Segurança Social com Pedro Passos Coelho (PPC) só teria uma saída: a demissão do primeiro-ministro.

Basta olhar para exemplos pela Europa fora para percebermos que por coisas manifestamente menos graves muitos já colocaram os lugares à disposição.

Do pior que se pode fazer a um povo é tomarem-nos por parvos e tontos. Se um primeiro-ministro ter como argumento de fuga às obrigações fiscais o desconhecimento da lei ou (?!) distração (?!) já nos parece demasiado patético, tratar depois o tema como se fosse uma coisa do domínio da normalidade já é achar que somos todos atrasados mentais. Tudo isto a coberto de uma comunicação social que se mostrou muito suave com tudo isto, para não falar da oposição (daquela que pode governar) que fez parecer o Seguro um tipo afinal não demasiado mau.

A sociedade civil está completamente moribunda, apática e a viver num medo constante. No outro dia, acerca dos exames de inglês que darão um certificado aos professora, uma professora falava sob identidade oculta a uma televisão.

Quando para falar da porra de uma prova de inglês já temos que nos esconder, há qualquer coisa de muito errado neste país...

18 de janeiro de 2015

Uma aventura na easyJet (continuação)

Se Salvador Dali fosse vivo seria certamente a cara da companhia aérea easyJet tal o surrealismo que acompanha os voos desta companhia.

Na minha viagem de regresso fomos brindados com mais umas inovações desta companhia low cost, nomeadamente:

i) o piloto faz a apresentação da equipa a bordo como se tivesse a apresentar as raparigas num clube de strip-tease, "hoje temos lady Kelly, lady Fabiana e miss Adriana" (não que eu saiba como são esses clubes, contaram-me). Só que na easyJet é mais do estilo "hoje temos à frente o João e a Ana e lá atrás a Mariana";

ii) a meio da viagem, com os auscultadores postos a ouvir música, oiço alguém a falar no intercomunicador. Pensei que fosse o piloto a dar as condições meteorológicas ou qualquer e coisa assim, mas eis que vejo todos os assistentes de bordo juntos numa das pontas do avião enquanto um deles nos tentava impingir produtos da revista como se fossemos um daqueles velhotes que, por 29,99 €, compram uma viagem de autocarro a Badajoz com almoço incluído mas que acabam por comprar um colchão de 2000 € ou um conjunto de panelas por 1500 €. Ouvi coisas como "este carregador é muito prático e é levezinho para levar no bolso", "este perfume cheira muito bem". Foi uma espécie de TV Shopping mas em muito mau (diga-mos que o Mike e Melga seriam bastante melhores)

iii) e quase no fim do voo, antes de começar a descida começou um peditório (ou, para os mais sensíveis às palavras, uma angariação de fundos) para a Unicef, em que uma das assistentes de bordo pega num daqueles sacos de plástico utilizados para as compras no Duty Free e começa a percorrer o avião com o saco aberto.

15 de janeiro de 2015

Uma Aventura na easyJet

A aventura na easyJet começa logo no Terminal 2 do aeroporto de Lisboa onde se apanha o avião. Uma mistura de antigo terminal de camionagem do Arco do Cego com uma estrebaria onde o gado é acomodado numa espécie de vagões que a ANA chama pomposamente de sala de embarque.

No caso dos voos da easyJet (não sei se será assim noutras low cost) entra-se depois num 2º nível de curral ainda mais pequeno onde ficamos em pé a olhar para a pista a salivar enquanto estamos todos encostados uns aos outros como se estivéssemos a construir um puzzle humano (só que naquela parte em que pegamos nas peças e as enfiamos à balda para dentro da caixa).

Depois, quando já percebemos o que é suar, abrem uma porta de acesso ao exterior mas obrigam-nos a ficar ainda retidos, talvez para podermos sentir a corrente de ar no corpo transpirado e podermos assim levar para o destino final uma bela constipação.

Quando somos autorizados a avançar percorremos uma espécie de trilho marcado no chão até ao avião, como se estivéssemos a fazer um paddy-paper na pista do aeroporto até chegar ao objectivo final, a aeronave! Tudo isto numa fila indiana (se bem que quem tenha estado ou veja reportagens da Índia, as filas indianas para o que quer que seja nunca são filas mas sim amontoados de gente, pelo que esta expressão coloquial não faz qualquer sentido a menos que seja "fila indiana dos tempos da ocupação colonial britânica onde ainda havia um mínimo de organização").

Entrar num avião da easyJet lembra-nos de imediato o Portugal dos Pequenitos (eu gosto bastante de miniaturas e maquetas mas não quando me obrigam a entrar nelas!). As cabines são obviamente pequenas demais, sobretudo quando toda a gente leva bagagem de mão para não pagar malas no porão.

O uso do cinto em voos easyJet nem deveria ser obrigatório na medida em que, dado o tamanho dos lugares e a distância entre eles, penso ser extremamente difícil saltarmos do lugar mesmo que o avião passe por uma montanha russa de poços de ar tal o entalanço em que vamos (a não ser talvez no caso de anorécticas ou anões). Aliás, nos voos da easyJet deveria ser obrigatório ir sempre uma equipa de bombeiros especialistas em desencarcerar pessoas.

O facto das companhias low cost não terem alimentação gratuita é óptimo para os espaços de restauração que, assim, estão sempre repletos de pessoas. Isso e o facto de não haver nada para fazer no Terminal 2, nem sequer lugar para se sentar a maior parte das pessoas (se para estar sentado  descansadamente tenho de ir comer um Big Mac, vamos lá a isso!!)

Os aviões da easyJet, a levantar e aterrar, parece que se estão a desfazer todos. As técnicas de descida prévia para aterragem parecem ter sido aprendidas em workshops denominados "Kamikaze" (dá a impressão que o piloto e o co-piloto vão em amena cavaqueira sobre os jogos de squash e último gin da moda e que depois, de repente, se lembram que têm de aterrar).

Adoro a venda de raspadinhas nos voos da easyJet!! Como se alguém tivesse espaço suficiente nas cadeiras para conseguir sequer fazer o movimento de raspar o que quer que se seja para além do de nos rasparmos o tempo todo nas pessoas que vão ao nosso lado ou os joelhos na cadeira da frente!! (se tivéssemos de andar todos os dias na easyJet, as joelheiras nas calças seriam moda!!)