31 de outubro de 2006

Dia de Halloween


Hoje celebra-se o Dia de Halloween, traduzido para Portugal como o Dia das Bruxas. Este dia tem vindo a assumir uma tradição crescente nacional, quanto mais não seja para uma série de pessoas apanharem uma valentes bebedeiras disfarçados de Dráculas, Morte ou mesmo de Lili Caneças.
É um dia cuja tradição remonta aos celtas do séc VII/VIII d.C. , tendo particular importância na cultura anglo-saxónica, nomeadamente na norte-americana. Nos EUA, as pessoas colocam abóboras luminosas à entrada das casas e as crianças, mascaradas, vão tocando de porta em porta pedindo doces/guloseimas (caso contrário pregam um susto/"travessura" às pessoas).
Em Portugal, jovens da Cova da Moura e Chelas têm vindo a fazer isso nos últimos anos, principalmente em lojas de telemóveis e de electrodomésticos (além disso os jovens pedem em Portugal, no dia 1 Novembro, o chamado 'pão por Deus' - lá vão aqueles palhaços acordarem-me amanhã cedo com a porra da campainha!!!).
Pessoalmente, vou festejar este dia da mesma forma que o faço todos os anos, isto é, ignorando-o por completo.

28 de outubro de 2006

7.700.000.000 !!!!


Será este o valor, em Euros, que custará a megalomania de termos o TGV em Portugal. 7.700 milhões de Euros, qualquer coisa como 1.500 milhões de contos!! E os políticos em geral, não apenas aqueles que representam o Governo, têm o descaramento de não condiderar estes números verdadeiramente pornográficos, tendo em conta a situação actual do País e o futuro próximo que se avizinha.

Este projecto de novo-riquismo obrigará à construção da terceira travessia do Tejo, bem como incentivará as mentes mais megálomanas a justificarem também a necessidade do novo aeroporto da OTA, custo do qual, atenção, não se encontra incluído neste número fantástico que nos foi apresentado (mas acredito serem mais umas centenas de milhões de contos…).

Atendendo à dimensão do país, justificar-se-á assim tanto a aposta num ganho de cerca de 1.5 hora na ligação Lisboa-Porto (no máximo). Será que passar de um trajecto de 2h45m para outro de 1h30m será assim tão relevante para o desenvolvimento do país? Tendo em conta que, pelas experiências que me têm contado, a ligação feita actualmente pelo Alfa Pendular tem já uma excelente qualidade…

Outros afirmam que a proximidade ao país vizinho se torna cada vez mais fundamental. Eu já me desloquei a Madrid no comboio internacional. Considero que não foi uma experiência muito satisfatória, tendo em conta a duração da viagem (cerca de 8 horas). E isto com um custo de cerca de 110 € (ida e volta). E uma viagem Lisboa-Madrid no TGV custará quanto? 200 €, 300 €?? Com a quantidade cada vez maior de transportadoras aéreas low-cost, não será preferível nessa altura continuar a viajar de avião?

Dá-me a impressão que anda tudo doido!!! Mas se os nossos políticos andam tão empreendedores, deixo aqui algumas sugestões que creio também serem fundamentais para o País:
a) uma estação inter-espacial exclusivamente portuguesa;
b) o fabrico do maior pão com chouriço em solo lunar;
c) a candidatura de Barrancos aos Jogos Olímpicos 2016;
d) ….

25 de outubro de 2006

O Amigo Oculto

A ideia que nós temos de alguns dos nossos amigos é serem uns chamados “grandes cromos”. Tal como nós talvez sejamos os ditos “cromos” para outras pessoas. Mas é isto também que torna os nossos amigos pessoas especiais.
Vem isto a propósito do facto de, recentemente, um amigo meu me ter dito que foi consultar uma cartomante. Porra, um gajo não recebe uma notícia destas de ânimo leve!! Dos amigos aceitamos quase tudo: que sejam gays, que já tenham votado CDS, que sejam do Sporting e até, embora esteja quase no limite, que sejam fãs de Delfins!!! Agora ir a uma bruxa já me parece ultrapassar a fronteira entre a razoabilidade e a demência!!!
Uma cartomante não é mais que uma pessoa que “lê” a vida das pessoas em cartas. E eu sempre pensei que fosse em cartas do Tarot, esse tipo de baralho inventado pelos bruxos… Mas no caso deste meu amigo, a técnica utilizou um baralho normal!!! Não sei se terá retirado os jokers (e os 8, 9 e 10), mas a minha pergunta é: será que também funciona com um baralho do UNO??!!! Ou com os cartões do Trivial Pursuit??!!
Creio que assim o mercado da bruxaria não irá longe… Antigamente havia técnicos conceituados como o Professor Karamba (talvez o nome artístico melhor conseguido de sempre, a par com Kikin e Bibi) e o Professor Fofana (faz-me sempre lembrar lesbianismo, não sei porquê) … Esses mesmos que partilham as páginas de Classificados dos jornais com “Brasileira roliça , peito 42, bumbum arrebitado”…
Qualquer dia temos videntes a lerem-nos o futuro em borras de café ou em salgadinhos… Ainda recentemente realizou-se a Feira do Ocultismo no Alvaláxia, esse fantástico espaço comercial que o Sporting criou para albergar uma ou duas lojas (e algumas pessoas em dias de chuva…). Aqui se vê como vai o negócio da bruxaria… Não conseguiam arranjar um lugar um bocadinho melhor?? Sei lá, uma cave no Martim Moniz? Um contentor no porto marítimo?

24 de outubro de 2006

Te quiero, coño!!


Há cerca de 3 semanas, o semanário Sol trazia nas sua páginas uma sondagem alusiva a uma hipotética união de Portugal a Espanha. Segundo a mesma, 27,7% dos portugueses não se importariam de ver o seu país integrado em Espanha.Curiosamente, a mesma sondagem em Espanha pela revista Tiempo mostrava que 45,5% dos espanhóis não se importariam de ver Portugal tornar-se numa nova província espanhola.
Os arautos da história da pátria lusa ficaram logo incomodados com tal afronta, como se os resultados da sondagem pudessem reflectir, de per si, qualquer interesse diplomático na mesma. Não deixa de ser curioso que, passados mais de 300 anos desde a restauração da independência, ainda bastantes portugueses vivam sob o medo ou ameaça da invasão territorial espanhola. Hoje os territórios não passam mais de meros espaços económicos, e o nosso, meus caros, lamento desiludir-vos, já há muito que foi ocupado pela tal “ameaça” espanhola.
Muitos de nós vivemos ainda obcecados com esse fantasma, talvez por ser o único país com quem fazemos fronteira. A realidade de “nuestros hermanos” é muito diferente, como podemos verificar com o contacto directo com as suas gentes. Eles simplesmente estão-se a borrifar para Portugal!!! Vivem de costas voltadas, centrando as suas atenções nos países mais centrais da Europa, onde se tomam realmente as mais importantes decisões.
Estas sondagens são promovidas por uns iluminados nacionais como forma de acicatar o patriotismo nacional, cada vez mais refém apenas dos resultados da Selecção. Servem para provocar o português, para ouvi-lo dizer que Portugal tem as fronteiras terrestres mais antigas do Mundo (como se isso, de certa forma, nos servisse para alguma coisa). Do lado espanhol, vejo-o como uma necessidade de contrabalançar a crescente perda de unidade nacional alicerçada no separatismo basco e catalão.
Pessoalmente, num inquérito/sondagem, sem responsabilidades, não teria qualquer pejo em aceitar essa ideia de Iberia, na medida em que até acho que não ficaríamos pior. Agora, em sede de um referendo oficial, não creio que votasse no sentido dessa opção integracionista. Aliás, creio até que faria muito mais sentido a integração da Galiza em Portugal.

20 de outubro de 2006

É a economia de mercado, estúpido!!!

No início da semana fomos surpreendidos com a notícia de que o custo da electricidade em Portugal iria aumentar cerca de 15%. O Secretário de Estado da Energia afirmou, num tom deveras agressivo, que a culpa do défice era dos consumidores, que andaram anos a pagar muito menos do que deveriam. Ontem veio pedir desculpa pelo tom, que “todos temos dias maus” (alguém também estaria a ter um dia mau quando o convidou para o cargo…). Entretanto o Governo, pela voz do Ministro das Finanças veio afirmar que vai ser alterada a lei, com vista ao aumento não ser tão pesado para os consumidores.
A mim, este aumento, na altura em que é anunciado, parece-me suspeito. Não será já uma forma de acautelar a entrada de novos fornecedores de electridade no mercado, com a liberalização da energia? Nomeadamente as empresas espanholas, que só estarão interessadas no minúsculo mercado português caso isso realmente lhes traga abundantes mais valias.
A liberalização dos mercados em Portugal, ultimamente, tem funcionado como um verdadeiro fenómeno. Quando se espera, e de acordo com as mais variadas teorias económicas, que a liberalização traga benefícios para o consumidor, nomeadamente melhores preços e serviços, assiste-se à situação contrária. Com a liberalização do preço dos combustíveis, estes aumentaram imediatamente, como se as companhias petrolíferas estivessem a funcionar em cartel. Agora, temos a questão da electricidade.
Será que a verdadeira economia de mercado não funciona em Portugal?

19 de outubro de 2006

A Bandeira Nacional



Ontem o Sr. Presidente da República recebeu, em audiência, a melhor triatleta mundial do momento, Vanessa Fernandes, que curiosamente é portuguesa e benfiquista. Tal acto teve como propósito, e bem na minha opinão, realçar a capacidade que os Portugueses têm de ombrear com todos os povos do mundo nas mais distintas áreas.
O protocolo deste tipo de audiências sugere que sejam trocados presentes entre as partes. Vanessa ofereceu ao Sr. Presidente um equipamento com o qual havia ganho uma das suas últimas provas. O Sr. Presidente resolveu agraciar a atleta com uma bandeira nacional, estando aqui o cerne da questão. A bandeira e o hino são símbolos nacionais com um significado muito próprio, exigindo assim um tratamento adequado àquilo que representam. O Sr. Presidente recebeu a bandeira, dobrada impecavelmente numa caixa. E assim a deveria ter entregue. No entanto, resolveu retirá-la da caixa, apresentando-a à atleta como se estivesse a mostrar um qualquer atoalhado, a um qualquer cidadão espanhol, numa qualquer loja de Vila Real Santo António. Para além disso, nas fotos oficiais, aparecem os dois com a bandeira estendida, mas encontrando-se esta virada ao contrário (“de pernas para o ar”, numa expressão mais comum, acto que em muitos países até é considerado subversivo).
Nada me move contra o Sr. Presidente. Agora, a constante má utilização deste símbolo nacional que é a bandeira já me começa, sinceramente, a irritar solenemente. Acabamos por ver a utilização da bandeira nos mais diversos fins:
a) toalhas de mesa em congressos partidários;
b) lenços para a cabeça;
c) capas (estilo Super-Homem nos jogos);
d) penduradas nos estendais com molas;
e) descerrar de lápides/placas comemorativas;
f) etc…
Não sou nacionalista e considero-me um patriota q.b., mas acho que se torna necessário ter um maior respeito e consciencialização pelo significado dos símbolos nacionais.

18 de outubro de 2006

O Síndroma Bipolar

Mais uma derrota no SL Benfica na Champions League, desta vez na Escócia. Em 1969 também havíamos jogado com o Celtic, numa eliminatória da então denominada Taça dos Clubes Campeões Europeus. Hoje, tal como há 37 anos atrás, sucumbimos por 3-0 (os chamados três secos!! uma goleada!!).
O Glorioso sofre actualmente daquilo que os psicanalistas chamam de bipolarização ou síndroma bipolar, ou seja, a rápida passagem de estados de euforia para situações de depressão profunda (creio que o único sentimento de euforia vivido naquele balneário regista-se no fim do mês, quando vão receber os cheques, passando a depressão profunda quando verificam que o Eng. Fernando Santos também ainda se encontra na fila…). Aliás o termo médico depressão deveria mudar. Os médicos passariam a dizer: “Você está a entrar num estado de Fernando Santos, vou ter de lhe receitar uns anti-Fernando Santos”.
Confesso, não gosto do senhor, aborrece-me, deprime-me. Dá-me náuseas vê-lo no banco, com aquele ar enfastiado e conformado.
Ontem, ficámos definitivamente afastados dos oitavos-final da competição, restando-nos o consolo de tentar jogar ainda na Taça Uefa. E esse “mandar da toalha ao chão” ficou bem patente nas palavras do Engenheiro e de Nuno Gomes no final da partida: “…enquanto for matematicamente possível…”. É o típico discurso de derrota (aliás, como se os jogadores soubessem matemática!!). O treinador (??) do SL Benfica ainda afirmou que ganhando os próximos 2 jogos ficaria tudo por resolver no último jogo em Manchester… Mas que raio de discurso é este?? Porque é que não falou em ganhar os 3 próximos jogos??!! E como é que pensa ganhá-los se nem um golo marcou ainda??!!!
Para concluir mais uma brilhante intervenção diante do jornalista da SportTV ainda disse que tínhamos de levantar a cabeça e “…preparar o próximo jogo com o Beira-Mar…”. Atendendo que o próximo jogo é com o Estrela da Amadora… Ele tinha avisado que ainda não estava maluco… Dá-me a impressão que, agora sim, já estará…

17 de outubro de 2006

Será que Deus é mesmo Deus?

A minha relação com Deus nunca foi boa. É verdade, não posso negá-lo. Desde miúdo que desconfio Dele, que acho que Ele não é aquela pessoa que muitos acreditam ser. E Ele sabe que eu sei isso, por isso de vez em quando vai-me castigando… e eu não dou parte de fraco e sigo o meu caminho… sei que no fim obviamente vou perder mas pelo menos diverti-O e cansei-O (e como também não faço tenções de ir viver para o condomínio do Paraíso…).
Uma vez em Angola, em conversa com autóctones, tive a infelicidade de dizer que não era crente. Ainda me lembro da expressão de incredulidade da senhora, como se tivesse perante ela o filho do Demo (em Angola a crença é levada muito a sério, predominando em cada canto igrejas evangélicas, baptistas, manás, etc – mas quem ainda acredita na recuperação de Pedro Mantorras também acredita em qualquer coisa…). Apercebi-me que tinha falado de mais. Após isto, perguntou-me em que é que eu acreditava. Respondi-lhe que acreditava nas pessoas (eu sei, é uma boa resposta para uma aula de Filosofia, mas naquele momento ou respondia-lhe isso ou começava a falar no tempo para desviar a conversa). Ficámos por ali, mas eu sei que ela deve ter rezado por mim (ou pelo menos foi confessar-se, pelo sim pelo não).
Tudo o que envolva assuntos esótericos torna-se sempre polémico. Vejam a Criação do Homem. Temos a teoria de evolução das espécies, de Darwin, que afirma que descendemos do macaco. Não gosto. Isso significa que quando os cães começaram a falar vão ultrapassar-nos no acesso às universidades? Prefiro a teoria da Bíblia. Deus começou a fazer o Mundo, pegou num bocado de pó da terra e fez o homem (Adão). Provavelmente fê-lo no 6ª dia, já a pensar no descanso, compreendendo-se assim ter ficado tão mal feito (aquilo de ter o pénis ali pendurado é trabalho de amador!! Não podia ter feito uma coisa retráctil, como algumas antenas dos automóveis??). Depois, achando que Adão sentia-se sozinho (erro!!), tirou-lhe uma costela e criou (erro crasso!!!) a mulher, Eva (não terá começado aqui o machismo? A mulher é apenas uma costela do homem…). Quer dizer, com apenas uma costela conseguiu fazer o corpo belíssimo de uma mulher mas com as outras ferramentas todas ao dispôr não conseguiu uma amostra de jeito de homem?
Colocou-os aos dois, atenção nús, no Jardim de Éden e com a condição de não comerem os frutos da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal. Parece que já estou a vê-los: os dois nús deitados na relva (Adão sempre de barriga para baixo é claro) e a Eva a começar a inquietar-se: “Vamos dar uma volta… vamos sair… nunca me levas a lado nenhum… tu não eras assim… já não gostas de mim?”. Lá foram os dois (Adão a lamentar ainda não haver fatos de treino para passear aos domingos) até à árvore onde uma serpente tentava convencer Eva a experimentar o fruto proíbido (na tradição judaica uvas, para os publicitários norte-americanos uma maçã). Aí Adão deve ter dito qualquer coisa do estilo: “Ouve lá, não é suposto comermos isso”. Eva retorquiu: “Não como o quê??? Tu queres ver que mandas em mim, não??? Como e é já!!! E tu também vais comer, estamos nisto juntos!!!”. Adão terá concluído com um simples: “F***-se!”. Muitos diriam que começou aqui a teimosia, característica comum a todas as mulheres. Mas acho que as mulheres não lhe chamam teimosia, mas sim Sexto Sentido (é o sentido suplementar que têm para fazer asneira).
Deus, desapontado, baniu-os do Jardim de Éden: Eva foi castigada com as dores de parto e menstruais, Adão com o trabalho árduo de conseguir o alimento da terra (por isso é que muitos homens têm hoje reuniões de trabalho que acabam às tantas da manhã, normalmente em clubes de strip).
Conclusão, quando as mulheres estiverem naqueles dias díficeis, não nos azucrinem a cabeça. Processem a Eva!!!

16 de outubro de 2006

I like the way he moves

Confesso que gosto de Sócrates. Não do filósofo grego mas do nosso Primeiro-Ministro. E digo isto de um forma livre e aberta, com a perfeita consciência de nunca sequer ter votado nele ou no Partido que ele representa (apesar de me considerar claramente um indivíduo de esquerda, mas de uma esquerda mais romântica).
O País atingiu uma situação, com o anedótico Governo anterior, para a qual só tinha uma de duas saídas: continuava a lenta agonia para o esperado abismo ou assumia a necessidade de mudança (mudança essa que muitos foram apregoando ao longo dos últimos anos, Governos PS incluídos, mas que poucos tiveram a coragem de efectivamente fazer).
O Programa de Governo de Sócrates foi votado maioritariamente por sufrágio universal, estando agora o Primeiro-Ministro a limitar-se a cumpri-lo, se não na íntegra, pelo menos em grande parte. E para cumpri-lo é necessário ter a coragem, a frontalidade e a ousadia necessárias para criar mudanças que se tornam essenciais em áreas tão diversas como a Saúde, a Educação, a Segurança Social, a Justiça ou a Administração Pública.
É verdade que nem todas as medidas podem ser populares, criam agitação nos meios sindicais e corporativos, mas o Governo não foi eleito para ser popular mas sim para governar o País (para populismos bacocos já nos bastaram os Santanas e os Portas). E a agitação produzida, muitas vezes, significa que se estão a mexer em interesses e privilégios instalados, dados como adquiridos ao longo dos anos, mas que em nada contribuem para um todo.
Apesar de todas as movimentações, e contrariamente ao que seria esperado, vemos que nas sondagens, não só o PS não tem descido nas intenções de voto, como tem vindo a alargar a sua diferença relativamente ao único partido da oposição que se pode constituir Governo. E este eleitorado tem sido ganho à direita, na medida em que as outras duas organizações de esquerda – BE e PCP – também têm vindo a ver reforçadas as suas intenções de voto. E isto sim, pode ser preocupante: a constatação de, actualmente, a oposição de direita em Portugal simplesmente não existir, sendo a oposição ao Governo realizada por partidos do mesmo espectro político.
O que pode significar que, talvez, o “país de brandos costumes” esteja a mudar. Que as pessoas já não queiram Governos de fantasias e delírios, mas sim políticos frontais, directos e decididos na condução da Nação, mesmo que isso possa significar, nalguns casos, alguns sacríficios colectivos.
PS: hoje inicia-se novo processo de referendo à Despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG). Pela parte que me toca votarei novamente Sim, no pressuposto também de que a Vida é o bem mais precioso que temos… Por isso terá se de ser uma Vida digna e desejada… E essa decisão só deverá pertencer à mulher ou casal, individualmente, e não por qualquer imposição exterior.

12 de outubro de 2006

A Derrocada Polaca

Dez anos após ter perdido pela última vez, na Ucrânia, um jogo das eliminatórias de apuramento para um Europeu ou Mundial, Portugal voltou a soçobrar, desta vez na Polónia. E como a História é feita de coincidências, não deixa de ser curioso que o marcador dos tentos polacos - de seu nome Smolarek - seja filho de um antigo jogador da selecção polaca que também foi carrasco da Selecção nacional, nomeadamente no Mundial do México/86, de tão má memória para os Portugueses.
Mas o jogo de ontem deixou à evidência dois factos importantes:
1. A contribuição da Nossa Senhora de Caravaggio e Nossa Senhora de Fátima para o sucesso da nossa Selecção é cada vez mais reduzida (não peçam milagres quando vemos jogar o Nuno Valente, Petit e Costinha...). Além disso, a Polónia, talvez o mais devoto país cristão da Europa, teria a ajuda divina do anterior Papa João Paulo II (aka Karol Woytila), talvez o Santo Pontífice mais carismático de sempre e o mais resistente. Resistiu estoicamente no Vaticano durantes anos a fio a atentados, às doenças e, principalmente, às músicas de Zuchero e Andrea Bocelli.
2. Depois de vice-campeã europeia em 2004 e 4ª classificada no Mundial/2006, esperava-se que a Selecção e toda a estrutura federativa que a suporta, assumissem uma posição de naturais favoritos em todos os jogos. Pelo contrário, e muito estranhamente, assistimos a um discurso miserabilista por parte do seleccionador (estará a converter-se num verdadeiro tuga?). Aquela ideia peregrina de ganhar os jogos em casa e jogar "fechadinho" para o empate nos jogos fora é demasiado deprimente para os Portugueses... Eu não quero Portugal jogar no "encolhas" quando tiver de se deslocar ao Cazaquistão, à Arménia ou Azerbaijão... Porque se empatar nestes países é um grande resultado então quando formos à Sérvia vamos tentar o quê? Perder por menos de 5??
Estamos bonitos estamos!! Se o objectivo do Sr. Scolari é fazer-nos esquecer os últimos 3 anos então vai no bom caminho... Se o objectivo é ser despedido também vai num excelente caminho... Agora se o objectivo é irmos ao Europeu alguma coisa terá de mudar...

11 de outubro de 2006

O Apito Dourado

O caso Apito Dourado, muito mais que um caso de polícia, está a tornar-se incontestavelmente num excelente argumento para adaptação à TV e/ou cinema nas mais variadas formas: comédia, drama, trilher, ópera bufa...
Na semana transacta foram publicadas informações, em consagrados jornais da nossa praça, de que as ofertas (ou supostas ofertas) aos árbitros, oriundas das melhores ourivesarias de Gondomar, não passavam afinal de artigos de bijuteria barata, mas com um banho de ouro... É a chamada banhada!! A meu ver, esta situação já era conhecida pelas autoridades desde o início do processo, daí advindo o facto de não lhe terem chamado "O Apito de Ouro" mas apenas um singelo "O Apito Dourado".
E isto é revelador do quão pobre se tornou o futebol português... Antigamente ainda passavam um cheques (os famosos "quinhentinhos") ou ofereciam umas viagens ao Brasil... Agora, levam uns brindes do bolo rei e já vão com muita sorte... É o povo português no seu melhor: a corrupção aliada do já famoso 'chico-espertismo' nacional...
Tudo isto originou, acredito eu, uma onda generalizada de indignação e, sobretudo, preocupação por parte dos árbitros portugueses. E o caso não é para menos!! Não nos esqueçamos que alguns dos senhores do apito foram também ofertados com os serviços de escorts ou senhoras da vida (para sermos suaves na terminologia) durante todos este anos... É que nesta onda de 'chico-espertismo', muitos dos árbitros perguntar-se-ão hoje em dia se afinal a Glecineide não se chamará afinal Jurandir...
PS: a maior parte dos processos ligados ao Apito Dourado estão a ser encerrados gradualmente... mais uma vez a culpa morrerá solteira... mais uma vez a Justiça será, não só cega, mas também surda e muda... e depois ainda se admiram que o antigo Procurador Geral da República desse as entrevistas à porta do prédio onde vive...

10 de outubro de 2006

A Educação em Portugal

Na passada semana assistimos à maior manifestação de sempre de professores em Portugal, desta vez contra o novo estatuto da carreira docente. Se os protestos em si já se podem considerar normais, o número de participantes excedeu largamente as melhores expectativas (o facto de ser Feriado e estar um tempo agradável ajudaram à concentração).
Acredito que, em algumas questões, os professores até poderão ter razão. Agora, esta constante negação e contestação durante os últimos 20 anos a quaisquer alterações na Educação em Portugal não se tornam muito abonatórios para a classe docente. A imagem que fica é a permanente obstaculização a todas e quaisquer medidas que tenham como objectivo a melhoria do ensino em Portugal.
A Educação em Portugal sofre essencialmente de 3 males: os professores, os alunos e os pais. Temos professores desmotivados, não pelas condições que se lhes apresentam (argumentos com que tentam sempre enganar-nos) mas pelo facto da maioria deles não ter aptidões para serem professores (e quando não se gosta de fazer uma coisa geralmente faz-se mal). Muitos dos professores só o são por mero acaso, como último recurso a carreiras não conseguidas noutras áreas (temos assim um refúgio de frustação, exponencialmente aumentado pelos "Morangos com Açucar", onde os professores são apresentados como pessoas bastante cool). Por outro lado temos alunos que não querem aprender e veêm a escola como um local aprazível para comentarem os últimos episódios das novelas, última versão do Messenger ou o mais sofisticado iPod. Em relação aos pais, estes veêm a escola como um depósito para os filhos enquanto estão a trabalhar, esquecendo-se do papel fundamental da educação também em casa, nomeadamente ao nível da assunção de princípios, valores e regras.
Temos assim professores que não querem ensinar, alunos que não querem aprender e pais que não querem saber.
Uma dos maiores receios dos docentes são a perda de direitos, esquecendo-se do que eles têm são, na maior parte dos casos, não direitos mas sim privilégios. A evolução das carreiras e a forma de avaliação são situações exclusivas do universo da Administração Pública. Costumo sempre utilizar uma comparação, hiperbolizada é claro, da evolução das carreiras no sector público e no sector privado utilizando um sistema de escadas. Se no privado temos uma escadaria normal, onde subimos a pulso com o cansaço inerente e, por vezes, tendo mesmo de descer degraus, no sector público encontramos uma escada rolante onde apenas temos de nos colocar no 1º degrau e esperar que a escada atinja o topo. Isto para não falar nos regimes de avaliação onde o mínimo, no sector público, costuma ser sempre Bom.
Temos assim um mercado da educação completamente ineficiente. Isto resultará, num futuro não tão longínquo como possa parecer, num Ensino tendencialmente pago e onde a acção privada terá um papel cada vez mais fulcral. Porque os privados também fazem serviço público.

9 de outubro de 2006

A Madeira é um Jardim

Recentemente o Governo Regional da Madeira viu serem-lhe cativadas eventuais transferências de verbas futuras enquanto não fosse explicado tacitamente o destino de cerca de € 150 milhões de Euros... O Presidente do Governo Regional ordenou imediatamente ao Governo Central, como represália, o pagamento de rendas relativas a edíficios ocupados por organismos e/ou institutos centrais, prática até agora não usual. Mais uma manobra que não o torna muito diferente de, por exemplo, Hugo Chavez na Venezuela (a chamada Madeira B). Bem, talvez se distingam na percentagem permanente de alcool no sangue...
O próprio slogan internacional da Madeira deixa muito a desejar quanto à independência política da ilha: "A Madeira é um Jardim" ... É apenas "um" Jardim, não são dois nem três... É um só e único Jardim... ainda tentaram "A Madeira é um Alberto João" mas não funcionava tão bem na tradução para o inglês (Madeira is a fucking crazy John).
A questão que muitos de nós colocamos é: Porquê é que continuamos a ter de aturá-lo? Ouvir passivamente os insultos aos continentais, ouvi-lo gabar-se que dá dinheiro ao continente (não confundir com os supermercados do Belmiro)... Não haverá maneira de calar este incontinente verbal? (viram a subtileza do trocadilho? são estes rasgos de inteligência que nos distinguem de Cláudio Ramos... isto e o facto de sermos homens). Não estará na altura de se fazer um referendo acerca da independência desta colónia africana? Pessoalmente sempre defendi esta situação, com vista a acabar de vez com este tipo de discursos separatistas.
É que eu também tenho um sonho: ver Cabo Verde, as Canárias e a Madeira formarem um único país.

A Parada que mexe...

O fim de semana que passou assinalou mais um aniversário da 1ª estação privada em Portugal. E para celebrar esse feito lembraram-se os seus administradores de organizar uma "Parada". Tal designação vem de uma tradução manifestamente infeliz da palavra anglo-saxónica 'Parade', a qual siginifica simplesmente Desfile. Mas pelo menos serviu para nos divertirmos com frases dos apresentadores do estilo "A Parada não vai parar!!". A "Parada" limitou-se apenas a mostrar as supostas vedetas da estação em cima de camionetas, entremeados por símbolos da tradição nacional como ranchos foclóricos e demonstrações de tunning. Uma espécie de Carnaval de Figueiró dos Vinhos.
Tivemos também a oportunidade de assistir à dissertação de uma astróloga/vidente/bruxa (??) acerca do horóscopo da estação... Mas agora também as matérias intangíveis são influenciadas pelos signos??! Agora percebo porque é que a torneira da minha banheira não pára de pingar... terá uma má influência astral... Não cheguei a perceber quais os signos de toda aquela gente que por ali desfilou, mas do ascendente comum não tenho dúvidas: são bananas!!
Para o fim ficou o espectáculo da nova flor da estação, uma jovem cantora/actriz que mais parece uma carmelita, tais os votos de pobreza que parece ter feito (para não falar do guarda-roupa)... Cantou os parabéns à estação, tendo por cenário as vedetas maiores, os monstros sagrados da estação que lhe vieram fazer a devida vénia... Pudera, é esta miúda que lhes garante os salários ao fim do mês..

6 de outubro de 2006

O regresso

Bom dia!
Este blog pretende ser apenas um espaço de reflexão e troca de ideias num registo cómico e irónico, fugindo assim a padronizações neste tipo de criações que acabam muitas vezes por ser maçadoras e irritantes.
Agradeço já antecipadamente aos milhares de leitores e intervenientes do meu antigo blog a vossa disponibilidade para corresponderem da mesma forma a este novo espaço que se pretende o mais pluralista possível.
Obrigado.