16 de outubro de 2006

I like the way he moves

Confesso que gosto de Sócrates. Não do filósofo grego mas do nosso Primeiro-Ministro. E digo isto de um forma livre e aberta, com a perfeita consciência de nunca sequer ter votado nele ou no Partido que ele representa (apesar de me considerar claramente um indivíduo de esquerda, mas de uma esquerda mais romântica).
O País atingiu uma situação, com o anedótico Governo anterior, para a qual só tinha uma de duas saídas: continuava a lenta agonia para o esperado abismo ou assumia a necessidade de mudança (mudança essa que muitos foram apregoando ao longo dos últimos anos, Governos PS incluídos, mas que poucos tiveram a coragem de efectivamente fazer).
O Programa de Governo de Sócrates foi votado maioritariamente por sufrágio universal, estando agora o Primeiro-Ministro a limitar-se a cumpri-lo, se não na íntegra, pelo menos em grande parte. E para cumpri-lo é necessário ter a coragem, a frontalidade e a ousadia necessárias para criar mudanças que se tornam essenciais em áreas tão diversas como a Saúde, a Educação, a Segurança Social, a Justiça ou a Administração Pública.
É verdade que nem todas as medidas podem ser populares, criam agitação nos meios sindicais e corporativos, mas o Governo não foi eleito para ser popular mas sim para governar o País (para populismos bacocos já nos bastaram os Santanas e os Portas). E a agitação produzida, muitas vezes, significa que se estão a mexer em interesses e privilégios instalados, dados como adquiridos ao longo dos anos, mas que em nada contribuem para um todo.
Apesar de todas as movimentações, e contrariamente ao que seria esperado, vemos que nas sondagens, não só o PS não tem descido nas intenções de voto, como tem vindo a alargar a sua diferença relativamente ao único partido da oposição que se pode constituir Governo. E este eleitorado tem sido ganho à direita, na medida em que as outras duas organizações de esquerda – BE e PCP – também têm vindo a ver reforçadas as suas intenções de voto. E isto sim, pode ser preocupante: a constatação de, actualmente, a oposição de direita em Portugal simplesmente não existir, sendo a oposição ao Governo realizada por partidos do mesmo espectro político.
O que pode significar que, talvez, o “país de brandos costumes” esteja a mudar. Que as pessoas já não queiram Governos de fantasias e delírios, mas sim políticos frontais, directos e decididos na condução da Nação, mesmo que isso possa significar, nalguns casos, alguns sacríficios colectivos.
PS: hoje inicia-se novo processo de referendo à Despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG). Pela parte que me toca votarei novamente Sim, no pressuposto também de que a Vida é o bem mais precioso que temos… Por isso terá se de ser uma Vida digna e desejada… E essa decisão só deverá pertencer à mulher ou casal, individualmente, e não por qualquer imposição exterior.

10 comentários:

mtheman disse...

Concorda com a despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez, se realizada, por opção da mulher nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado? era esta a pergunta do último referendo. Tu falas, e bem, em opção do casal... consegues enquadrar isso nesta pergunta????

Pedro Almeida disse...

Para mim é simples :
1- Ambos não querem o filho - Aborto
2- Ambos querem o filho - Nascimento
3- O homem não quer, a mulher quer - Nascimento
4- O homem quer, a mulher não quer - Aborto

A decisão final terá que ser sempre, mas sempre da mulher, o corpo é dela porra!!! Não é o homem que vai parir!!!
Era o que faltava, alguém decidir por mim se eu deva dar à luz ou não (se eu fosse mulher, claro) !!!

Pedro Almeida disse...

Ainda é cedo para avaliar, mas nas próximas eleições vou pensar seriamente se volto a votar PS ou não (voto BE actualmente).
Mas para já uma coisa óbvia, existe um mundo de diferença qualitativa entre o beato Guterres (que abandonou o país à sua sorte, não se esqueçam) e o Sócrates.

Pedro Almeida disse...

menos a sério agora, ó Miguel o título deste post é um cadinho, mas só um cadinho a puxar para o abichanado ! Tem cuidado, a Maria Filomena Mónica ainda fica com ciúmes...

mtheman disse...

olha que as coisas não são assim tão simples...

o que eu acho ridículo é aceitar que a decisão é única e exclusiva da mulher... quer dizer que se o homem tiver todas as condições económicas e sociais para assegurar uma existência digna a uma criança, defendes o aborto, mas se o homem não tiver essas condições (e a mulher também não as tenha por hipótese), então o nascimento da criança já é aceitável...

para mim a interrução voluntária da gravidez não pode ser encarada como mais um meio anti-concepcional... é só isso que defendo!

Pedro Almeida disse...

Nenhuma mulher o encarará como metodo anti-conceptivo, é demasiado doloroso para isso (não falo em dor fisica, apenas).
O útero é de quem ? Quem abre as pernas para parir ? Quem sofre as dores ? A quem rebentam as águas ? Quem tem a decisão final ? A MULHER.
Se a mulher se recusar mesmo a ter a criança que fazes ? Amarras-a a uma cama durante os 9 meses ???
Posso ser demasiado simplista, mas para mim isto é um facto...o corpo é o da mulher não é o do homem, e vida por vida, a mulher já cá andava antes do feto, tem prioridade.

mtheman disse...

mas antes de abrir as pernas para parir (isto se não for de cesariana) teve que abrir as pernas para o conceber!!! acho que a mulher ainda é um ser racional, existem muitas maneiras de não engravidar... azares acontecem, mas se é um azar então que se faça um aborto, agora mulheres conscientes inconscientes é que não... é como o sócrates diz, despenalizar sim, liberalizar não!!!

Miguel F. Carvalho disse...

Já percebi a dinâmica dos fóruns... é lançar temas fracturantes para a mesa de discussão... O próximo post poderá ser sobre a carnificina no Departamento Médico do SLB... Em relação ao aborto, defendo que a decisão deve ser do casal, existindo casal, porque isso é a ordem natural das coisas numa vida em conjunto... agora, a última decisão terá de ser sempre da mulher como é óbvio. Acho que ninguém faz um aborto como quem vai ao supermercado... É lógico que também defendo campanhas de prevenção, mas não misturem as coisas... Quem é a favor da despenalização não a defende como meio anti-concepcional!!!

Pedro Almeida disse...

mtheman diz-nos umas coisas:
1- Vais votar ?
2- Se vais, Sim ou Não ?
3- E porquê ?
(acho que a pergunta será exactamente igual à que já puseste aqui nos comentários)
4- Tens alguma pergunta alternativa, que aches mais adequada ?

mtheman disse...

1. sim, vou votar;
2. tendente para o sim se às minhas dúvidas forem durante a campanha fornecidas respostas, senão vai em branco;
3. porque concordo com a despenalização criminal mas não aceito a liberalização da interrupção voluntária da gravidez;
4. qualquer pergunta que inclua o princípio da decisão conjunta e em que fique expresso que será feito um esforço para que todas as condições tendentes a poder evitar uma decisão de interrupção voluntária da gravidez sejam implementadas.

já tenho um post no meu blog acerca deste assunto! tá um bocadinho grande mas tentei colocar lá todas as minhas dúvidas...