21 de fevereiro de 2007

O Referendo

Em virtude da minha vida profissional não tenho tido a oportunidade de actualizar este blog, bem como a visualização dos vossos. No entanto não poderia deixar de mostrar a minha satisfação pelo resultado do referendo, ressalvando alguns aspectos:
1. Foi a vitória, principalmente, de um conjunto de mulheres e homens que lutavam por este direito à dignidade há já vários anos;
2. Foi a derrota clara da demagogia da campanha do Não, assente em pressupostos falaciosos e, nalgumas situações, mesmo mentirosos. Foi a derrota de Marcelo Rebelo de Sousa, "o grande ilusionista português" (como lhe apelidou Helena Matos numa crónica no Público). E foi a derrota de uma Igreja ultra conservadora, intimidatória e persecutória juntos dos seus fiéis;
3. Deste referendo não sairá uma lei moderna, na medida em que esta questão nada tem a ver com modernidade, mas sim com justiça e dignidade;
4. Os resultados do referendo mostram também uma profunda divisão geográfica do País, entre um Norte e Ilhas ainda bastante arreigados a laços conservadores e um Sul mais liberal na forma de pensar;
5. A lei que sairá do resultado do referendo terá de reflectir claramente esse resultado. Não faz sentido, na criação da proposta de lei, a intervenção de pessoas ou grupos de pessoas que tenham participado na campanha do Não, a qual visava, permitam-me relembrar, deixar as coisas exactamente como estavam;
6. Obviamente que o aborto clandestino não vai acabar. Mas a partir deste momento poderão ser criadas as condições para o mesmo seja feito com a maior dignidade e com a melhor assistência médica possíveis, dentro da lei;
7. Mais um referendo - o 3º - que não conseguiu ser vinculativo. Penso que seria a altura para os políticos pensarem se esta questão da vinculação será realmente importante (não esquecer também que entre 5 a 10% dos eleitores que se encontram nos cadernos ou já morreram ou saíram do país, tornando-se assim em eleitores fantasma).

7 comentários:

Pedro Almeida disse...

E o mau perder que o NÃO demonstrou ? Ou melhor a falta de sentido democrático !

Heidi disse...

O ser vinculativo ou não, gera alguma polémica, mas a meu ver, quem não votou, das duas uma, ou já saiu do país (embora possa tb votar fora do país) ou não se interessa pelo assunto, por isso, para quê dar valor de "vinculativo" ou não, a quem não vota?

Miguel F. Carvalho disse...

nos referendos, os emigrantes não têm direito de voto.

Sun disse...

A questão do referendo não ser vinculativo, por causa da abstenção já a discuti com algumas pessoas, e o meu argumento vai mesmo para a actualização dos cadernos eleitorais. Eu não acredito que possam existir 8,8 milhões de eleitores Portugueses.

Lu disse...

Estou com a Sun, não existem tantos eleitores portugueses. Estive a falar com o meu irmão sobre isso e ele agora que casou e mudou de casa, foi recencear-se na junta da nova morada, e não é que lhe deram um numero novo e mantiveram o antigo??! Estranho não?!
Daí o mais certo é o número de abstenção ser menor ao apresentado.

Olelas disse...

Calma, acho que estão a julgar mal um aspecto: o "numero de eleitor" não condiz com o numero de eleitores existentes!!
Eu estive novamente na mesa e voto, e nos cadernos, (actualizados, porque 2 meses antes de acto eleitoral não é permitido recenseamento para que os mesmos estejam em perfeita demonstração da realidade mais proxima) da minha secção de voto, o ultimo numero de eleitor era o 589. Mas no final do caderno, informava que continha um total de 396 eleitores. Porque alguns numeros já não estão atribuidos: de pessoas que morrer ou que mudam de residência.

Contudo, acho que 8 M de tugas recenseados.... é muito, a menos que se conte com a comunidade emigrante!!!

Heidi disse...

Nao sabia que os emigrantes não podiam votar nos referendos...