22 de dezembro de 2012

As pensões de Coelho

Eu não suporto este Governo e quando o primeiro-ministro abre a boca normalmente a minha reacção é de riso irónico misturado com um qualquer palavrão que a escola da vida e a literatura moderna me têm ensinado.
 
Esta semana, quando Passos Coelho afirmou que existem pensionistas a ganhar mais do descontaram a 1ª reacção também foi essa. Mas, e colocando de lado que o objectivo é também criar uma divisão entre trabalhadores/pensionistas públicos e privados, em parte o primeiro-ministro terá razão.
 
A lei referente às pensões de reforma, até há pouco tempo, fazia o cálculo baseando-se nos 10 melhores anos dos últimos 15 de descontos para Estado.

Ora, é lógico que o sector público sempre saiu mais beneficiado com isto do que os privados, já o emprego no sector público é feito de carreiras (por analogia, é andar numa escada rolante, vai-se ali parado sempre a subir, ou quanto muito às vezes para-se). Isto é, na grande maioria dos casos, os funcionários públicos passam à reforma praticamente no topo das suas carreiras. Os 10 melhores anos dos últimos 15 eram esses.
 
Para além disso, não há despedimentos na função pública. Ao contrário dos privados, onde se podia estar a ter uma carreira ascendente espectacular e de repente ia tudo por água abaixo, começando tudo do zero (uma pessoa até podia ganhar 3000 euros até aos 50 anos e partir dessa altura ser despedido, voltar à estaca zero, e nos 15 anos seguintes passar a receber só 500 euros - quando passasse à reforma o cálculo seria feito com base nesses 500 euros).
 
E mais, nos privados existe um encargo da entidade empregadora (normalmente 23,75% a acrescer aos 11% desconto dos trabalhadores), o qual há bem pouco tempo não existia nos institutos ou empresas ou organismos públicos.

E já nem falo naquelas pessoas que nunca descontaram nada na vida (muitas vezes por opção) e que hojem têm pensões (ainda que miseráveis).
 
 

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