
Na passada 4ª feira tivemos mais uma greve dos professores. Antigamente, as greves eram grandes acontecimentos que representavam uma situação muito grave que era necessário defender. Hoje em dia, parecem existir greves dia sim dia não. Tornou-se algo corriqueiro. E como qualquer moda, tem um período de vida útil bem datado. Daqui a uns tempos as greves não terão qualquer significado, já que serão um evento completamente desacreditado.
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Nesta greve de professores, o Ministério da Educação informou que 61% por cento dos professores fizeram greve (é um número extraordinário para o que é a prática comum entre o Ministério, que costuma lançar taxas de adesão de 10 a 15%).
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Já os Sindicatos determinaram 94% de adesão num universo de 140 mil professores. Ou seja, 132 mil professores exerceram o seu direito à paralisação (os outros 6% devem estar de baixa ou trabalham para os sindicatos).
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Anteontem no jornal Público vinha a referência aos salários dos professores: em início (cerca de 1100 €, dos quais 900 líquidos) e fim de carreira (cerca de 3000 €, dos quais 2000 líquidos). E eu comecei a fazer umas contas.
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Por cada dia de greve, , é descontado 1 dia de salário ao empregado (1/30). Para pessoal em início de carreira isso representará cerca de 30 € líquidos e para os que se encontrem em fim de carreira, teremos entre 60 e 70€.
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Assumindo que em termos médios, temos pessoas a meio da carreira, teríamos um desconto médio/dia por pessoa na ordem dos 40 ou 50 € (vamos assumir para o nosso modelo o valor mais baixo, 40 €).
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40 € * 132.000 grevistas = 5.280.000 € que o Estado vai poupar neste dia (em termos comparativos são cerca de 5 Kms de autoestrada - daquelas com bom asfalto e duas faixas de rodagem largas em cada sentido - ou então mais um Balboa para o SL Benfica, e ainda sobra algum dinheiro para comprar peças para o Mantorras...)
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5.280.000 € por dia, fora o que se poupa em luz, água e telefones (embora pense que esse dinheiro venha do orçamento anual da escola, que assim poderá ser gasto noutras coisas: em vez da caneta Parker para aquele professor que se vai reformar, sempre se pode oferecer a tal lapiseira Montblanc).
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Imaginem só se eles fizessem greve 30 dias por mês (5.280.000 € * 30 dias = 158.400.000 €!!!). E agora multipliquem pelos 14 meses (2.217.600.000 € !!!). O Estado poupava dinheiro, encerrava as escolas públicas, os alunos e professores tinham de ir para o privado, no privado teríamos uma selecção natural dos melhores professores, a escola privada (paga!) revitalizaria a economia nacional, quem não tivesse dinheiro para a escola ia aprender a ser mecânico, marceneiro, canalizador (on the job! mesmo que fossem ainda crianças!! e isso acabava com o problema do fim destas profissões).
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Portanto, a minha solução passa por acabar com o ensino público de uma vez por todas!! Os professores, os alunos e os pais podem ir fazer o que quiserem das suas vidas, livremente e sem aborrecimentos...
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E pensar que tudo isto começou com um simples
processo de avaliação, tão natural nas outras instituições e profissões...