1 de julho de 2011

A Fama

Pensei que fossem apenas os meios de comunicação mais sensacionalistas (Correio da Manhã, Crime, TVI,...) a colarem-se às reportagens de sangue da morte do Angélico.
 
Afinal parece que a Visão, que eu tinha como uma publicação mais moderada, também já enveredou por esses caminho.
 
O título desta semana é exemplificativo: "A Maldição da Fama" !!! Como se a fama, de per si, fosse causadora das piores pragas do universo. Ou se apenas às figuras públicas acontecessem as piores desgraças.
 
Aqui o conceito de figura pública é muito relativo já que hoje em dia qualquer pessoa que apareça na televisão - às vezes por ser apenas gorda ou porque está numa aldeia com pretos vestidos de tanga - torna-se automaticamente uma figura pública. Metade do país é figura pública! É raro ir a uma superfície comercial ou numa saída à noite sem encontrar uma qualquer figura pública.
 
Ainda na capa da Visão vem a pergunta retórica "Porque é a fama, tantas vezes, um passaporte para a tragédia?". E lá vêm as fotos dos supostos amaldiçoados: Elsa Raposo (uma ninfomaníaca depressiva que ninguém percebe em que é que se tornou famosa para além de coleccionar namorados), Sónia Brazão (que uma semana antes do acidente disse que estava cansada de tudo isto, o que tem levantado a hipótese de tentativa de suicídio - e isso não me parece que se enquadre numa maldição mas apenas num desequilíbrio psicológico), Diana de Gales (vítima de um condutor alcoolizado), Zeca (outro dos copos e, pior que isso, um péssimo actor, o que se torna é uma maldição para quem assiste às novelas), James Dean, Francisco Adam (mais acidentes de automóvel).
 
Não conheço em pormenor as estatísticas de mortes na estrada mas apontaria para um número anual entre 700 e 800 pessoas. Ou seja, em 700 pessoas que morrem na estrada por ano, morre uma famosa (ou seja, 0.14%). Não me parece que isto seja uma maldição da fama, tendo em conta o número de famosos que andam a beber alcool em festas ou a consumir drogas.
 
Claro que as mortes violentas, e ainda por cima em jovens, chocam sempre muito mais. Como aquele rapaz que também ia no carro e teve morte imediata. Como é que ele se chamava mesmo? Ah pois, ninguém sabe, ele não era uma figura pública, é apenas mais um número para a estatística.

1 comentário:

Heidi disse...

Tens razão, não é uma maldição. É um flagelo social que atinge todos. Morte nas Estradas. Não é admiração nenhuma que também aconteça a um dos 100 e tal actores que são formados todos os anos nos Morangos com açucar.