21 de março de 2013

Vamos fazer uma petição para pedir o fim das petiçõe!!!

As petições online têm o condão de poderem ir da coisa mais natural do mundo até à mais absurda.
 
E hoje há uma tendência para peticionar o que quer que seja: não matem o zico!, não ponham gelo no uísque que estraga!, não ponham o Rojo a jogar a defesa esquerdo! (só falta uma petição a pedir que não façam mais petições).

Realmente é fácil: cria-se uma petição na net e a malta vai lá deixando o nome, normalmente as mesmas pessoas que nunca deixam o nome nas assembleias de voto.

Agora, assim que surgiu a notícia de que José Sócrates iria fazer comentário político na RTP, logo uma horda de indignados vieram a terreiro exigir (sim, porque normalmente exigem! raramente pedem) que Sócrates não fizesse esta presença porque a RTP " é paga com dinheiros públicos dos contribuintes que sofrem do resultado da má gestão deste senhor".
 
Duas questões aqui a abordar:

a) é lógico que a RTP é paga com o dinheiro dos contribuintes, mas não vejo ninguém a exigir o fim da presença do Malato na televisão pública ou da série Sinais de Vida õu do Preço Certo ou do Baião. Se todos nós parece que temos um crítico de televisão dentro de nós, também é certo que todos temos um comando de televisão no sofá. Eu também não gosto da Antena 2, que é paga por todos nós, mas o serviço público tem de ser o mais abrangente possível mesmo que isso represente algum lixo;

b) o argumento de que quem eventualmente teve uma má gestão enquanto governante não possa aparecer na RTP seria realmente espectacular. Aplicado a todo o espectro político reduziria o tempo do Telejornal em cerca de 58 minutos dos 60 actuais permitindo o investimento em programas de jeito (ou então, em programas do Malato de encher chouriços durante oa tais 58 minutos perdidos). Aliás, provavelmente nem haveria Telejornal porque estas pessoas também deverão achar gestão danosa os 15 ou 20 mil euros que recebe o apresentador do Telejornal.

Com a crise, pede-se aos cidadãos um contributo e uma voz mais activa na sociedade - a chamada cidadania. No entanto, as pessoas em vez de enveredarem por esse caminho escolhem aquele mais simples que é o da ditadura de ideias. E isto sim é preocupante, porque para uma ditadura normalmente é necessário um ditador.

Sem comentários: