4 de outubro de 2008

Blindness


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Segundo o director executivo da Federação de Cegos nos Estados Unidos "Tanto o livro como o filme retratam os cegos como incapazes de fazer seja o que for e até como viciados ou criminosos. Isto é completamente absurdo."
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John Paré sublinhou que o filme pode gerar o medo e a repulsa contra os cegos e rejeitou a ideia de que o filme é uma alegoria. "Essa ideia é ridícula", frisou.
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Neste sentido, a Federação Nacional de Cegos dos EUA quer que o filme seja retirado (apesar de nem sequer o terem visto!!!) e que os protestos encham as 75 salas de cinema onde o filme vai ser projectado.
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José Saramago já veio afirmar que "Isso não é polémica, porque uma polémica necessita de dois interlocutores. Neste caso é uma associação de cegos que decide ter uma opinião sobre um filme que não viu", acrescentando que "a estupidez não escolhe entre cegos e não-cegos" e que esta posição "é uma manifestação de mau humor assente sobre coisa nenhuma."
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O Ensaio sobre a Cegueira, a par de Todos os Nomes (ainda não li o Memorial do Convento, mea culpa) é um dos meus livros preferidos do escritor de Lanzarote. É uma excelente alegoria à sociedade em que vivemos (será que os norte-americanos saberão o que é uma alegoria?). Para mim não aborda a cegueira (como falta efectiva de visão), mas o facto da sociedade estar cega para uma infinidade de questões que giram à sua volta, preocupando-se muito mais com o seu umbigo.
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Saramago já viu o filme e achou que reproduz bem o que escreveu na obra literária. Eu não vou ver o filme, já que tenho um princípio desde miúdo: se já tiver lido o livro não vou ver a adaptação cinematográfica (os 90 ou 120 minutos ficam sempre a perder para as 200 ou 300 páginas) e se já tiver visto o filme, nunca pegarei no livro (a leitura estaria sempre dependente do que tinha visto, perdendo-se aquilo que os livros têm de melhor, a capacidade de sermos nós a construir as personagens e locais na nossa imaginação).
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Já em Portugal, o presidente da ACAPO-Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal, recusa fazer comentários, mas admite falar quando o filme estrear em Portugal. Adianta também que ainda não leu o filme (!!!!) e que só agora começou a ler o livro (deve-lhe ter dado agora para a leitura!!).

6 comentários:

Anónimo disse...

Eu questiono-me é se os americanos sabem o que é uma socidade e como se vive em sociedade, para além do que é terem conhecimento sobre o que é, verdeiramente, liberdade.
Um país que impõe as suas vontades aos outros, não sabe o que são esses nomes e adjectivos.

Maria Manuela disse...

Eu adorei o livro e estou curiosa em relação ao filme. Quando estreia cá ?

Sadeek disse...

Essa do Saramago ter dito que eles nem sequer viram o filme...é pá...humor negro...HAHAAHAH

Tinta Permanente disse...

..."já que tenho um princípio desde miúdo"...
mas um livro não é um filme... são artes diferentes. Como pode haver lugar para a decepção ?

Miguel F. Carvalho disse...

mas é a adptação da história... condicionam-se uma à outra...

El-Gee disse...

Acho que o Saramago respondeu bem. (Pela primeira vez, concordo com alguma coisa que ele diz.)

Mas a mim interessa-me mais o comentario que fazes acerca de nao ver filmes cujos livros leste. Eu tambem assumo essa postura.

E desilude-me imenso que autores consagrados, mesmo vencedores de Premios Nobel (Saramago, Garcia Marquez, por exemplo) vendam os direitos de autor das suas obras-primas para o cinema. Nao faz sentido nenhum, é uma desilusao, enquanto leitor, constatar que tenho mais amor pela literatura enquanto arte, do que os proprios autores.

E miseravel, ver um grande autor vender-se a uma adaptacao para cinema. Nao ha justificacao artistica possivel. Ha o chamamento do dinheiro e a desculpa de que, assim, podem chegar a mais audiencias, e assim espalhar mais largamente a sua mensagem.

Mas é uma atrocidade artistica, um disparate monumental, um suicidio publico.