5 de maio de 2008

Viajar é um estrondo!!!

Existem alguns países na Europa com os quais nunca nutri uma especial relação, nomeadamente um triunvirato (Suiça, Áustria e Alemanha) que apelido, ‘carinhosamente’ de Nazilândia. Chamem-lhe preconceito mas eu chamo-lhe desconfiança por países que, ou tiveram um regime plebiscitado execrável (Alemanha), ou aceitaram serem anexados via referendo (Áustria) ou viveram sempre numa neutralidade activa (Suiça).

Para além do facto de todos eles terem uma língua oficial – alemão – que é qualquer coisa de inenarrável, ora parecendo que vão libertar todo aquele catarro e expectoração para cima de nós, ora parecendo que nos estão a dar um valente ralhete. As duas palavras mais bonitas do mundo (Amo-te e Benfica) devem soar incrivelmente mal naquela língua de trapos. Aliás a 1ª deve parecer tão sensual como um desfile do Alberto João Jardim em cuecas…

Agora nos últimos tempos comecei a sentir um certo fascínio por conhecer Berlim (talvez para o ano). E surgiu a oportunidade de ir à Suiça com o J.S. e a A.S. E as viagens servem sobretudo para olvidar preconceitos e desmistificar situações. E como é bom desmistificar! Em relação à Suiça eu tinha uma série de mitos criados: a limpeza exemplar do país onde não se vê um papel no chão (nas grandes cidades não é bem assim), a cidadania inata do povo (não são assim tão simpáticos e nas estradas assisti a algumas ultrapassagens dignas de qualquer condutor sob o efeito do tugaísmo) e que não há mendigos na rua (mentira descarada, talvez há 40 anos assim fosse…).

Que a Suiça é o país das vacas e das cabras não há grandes dúvidas, embora também possamos encontrar isso em Lisboa (basta sair à noite para alguns bares da moda). E que é o país dos chocolates (algo que também temos em Lisboa, bastando entrar no comboio da linha de Sintra em hora de ponta). E que tem muitos portugueses, facto para o qual eu não consigo encontrar assim de repente qualquer benefício…

A verdade é que a Suiça revela-se sobretudo pela Natureza. Por muitos edifícios que o Homem construa (e os helvéticos primam por uma arquitectura extremamente apelativa à vista) nenhum deles terá a força e a imponência que a Natureza no seu estado mais selvagem nos pode oferecer.

Não cheguei a encontrar a Heidi nas montanhas (parece que agora vive num quarto por cima do clube nocturno onde trabalha todas as noites), mas descobri uma coisa mais interessante - o GPS no automóvel – que permitirá a qualquer cidadão comum ser taxista em qualquer lugar do mundo, sem o risco de ser aldrabado ou de ter de entabular conversas do tipo “Estes gajos do Governo deviam era ser todos corridos e vir outro Salazar” ou “Eles para hoje davam chuva para a tarde” ou ainda “Estes gajos do Benfica são todos uns chulos, o que nós precisávamos era de um Pinto da Costa”.

PS: a minha teoria das hospedeiras confirmou-se. Quanto mais curtos são os voos, mais giras são as hospedeiras… mas parece-me que também mais burras… Assisti a uma frase exemplar de uma delas: “Não gosto destes voos curtos porque estamos sempre a trabalhar. Nos voos mais longos temos tempo para o lazer” (lazer em pleno voo? a não ser que estejamos no A380 em Executiva assim de repente não estou a ver como é possível...) . As mesmas que entre o “Café? Chá? Chá? / Café?” conseguiram contar grande parte da sua vida pessoal uma à outra (e eu que nem aprecio novelas, tive de gramar aquilo tudo).

PS2: pela primeira vez num voo assisti a uma coisa que, em termos de segurança, deve ser de bradar aos céus: a existência de dois passageiros com o mesmo lugar…

10 comentários:

seni disse...

Mas afinal, sim ou sopas? Gostaste ou não? lol
Refilão home!

Beijinhos

Maria disse...

Não posso deixar de partilhar que o Pai de uma Tia minha dizia "Ouve lá como andas tu empregado de mesa?'" ( virando-se para o João, hospedeiro na TAP),"Então não serves café e chá..... és empregado de mesa. Andas armado em fino é?".
Ao ler este post, recordei-me destas palavras!Já me ri sozinha.
Também eu não partilho grande entusiasmo pela Suiça e Alemanha ( apesar de me terem dito que Berlin está uma cidade muito interessante), mas sempre tive curiosidade em conhecer a Áustria.
Beijinhos
Maria Pilar

Alvaro Santos Pereira disse...

Miguel

Obrigado pelas perguntas no Prova Oral. Na altura não foi possíbvel responder a toda a gente. Fi-lo agora no meu blogue Desmitos

Alvaro

Miguel F. Carvalho disse...

Seni, gostei bastante.

Tinta Permanente disse...

Na Áustria passam-se coisas estranhas, desde Natasha Kampusch até aos actuais crimes macabros. Os austríacos exibem uma serenidade enganadora, sofisticadamente velada... Clara Ferreira Alves tem um artigo sobre a culpa freudiana na revista Única, in Expresso, 3 Maio 08.

O pessoal de voo é assim, são uns cagões (desculpe a palavrota) mas abrem a boca e percebemos logo a dinastia fútil. Sem ofensa. Ofendem-me a mim, quando vejo um giro ... e é panasca. Misericórdia.

Cristina disse...

Ich liebe dich - é assim que se diz "Amo-te" em alemão. E não é assim um bichoooo de sete cabeças!

Beijo beijo

Miguel F. Carvalho disse...

tinta permanente, li esse artigo e é revelador de povos frios e calculistas... um perigo!!

Cristina, Ich liebe dich é bom para enrolar a língua... lol

Tiago Fardilha disse...

Miguel, Benfica em alemão escreve-se "Gut bleiben" e lê-se "Gutebláibéne".

Tradução minha, e livre. Se soa bem ou não deixo à tua consideração. ;)

Anyone disse...

Em relação à Suiça, não tenho curiosidade nenhuma, apesar de ter boas opiniões acerca do país. Mas em relação à Áustria, já não posso dizer o mesmo, tenho ideia que deve ser um país lindo e fabuloso. Vou tentar ir lá rapidamente, mas primeiro ainda vem Amsterdão!!!!! :)

Miguel F. Carvalho disse...

Amsterdão é um espectáculo!!